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maio 13, 2015
Os rios
Os rios
Magoados, ao crepúsculo dormente,
Ora em rebojos galopantes, ora
Em desmaios de pena e de demora,
Rios, chorais amarguradamente,
Desejais regressar... Mas, leito em fora,
Correis... E misturais pela corrente
Um desejo e uma angústia, entre a nascente
De onde vindes, e a foz que vos devora.
Sofreis da pressa, e, a um tempo, da lembrança...
Pois no vosso clamor, que a sombra invade,
No vosso pranto, que no mar se lança,
Rios tristes! agita-se a ansiedade
De todos os que vivem de esperança,
De todos os que morrem de saudade...
Olavo Bilac
In ‘Tarde’ (1919)
outubro 05, 2013
POR QUE CHORAR?
POR QUE CHORAR?
(Olavo Bilac)
Por que chorar? Exulta, satisfeita!
És, quando a mocidade te abandona,
Mais que bela mulher, mulher perfeita,
Do completo fulgor senhora e dona.
As derradeiras messes aproveita,
E goza! A antevelhice é uma Pomona,
Que, se esmerando na final colheita
Dos frutos áureos, a paixão sazona.
Ama! e frui o delírio, a febre, o ciúme,
E todo o amor! E morre como um dia
Em fogo, como um dia que resume
Toda a vida, em anseios, em poesia,
Em glória, em luz, em música, em perfume,
Em beijos, numa esplêndida agonia!
outubro 03, 2013
A MONTANHA
A MONTANHA
(Olavo Bilac)
Calma, entre os ventos, em lufadas cheias
De um vago sussurrar de ladainha,
Sacerdotisa em prece, o vulto alteias
Do vale, quando a noite se avizinha:
Rezas sobre os desertos e as areias,
Sobre as florestas e a amplidão marinha;
E, ajoelhadas, rodeiam-te as aldeias,
Mudas servas aos pés de uma rainha.
Ardes, num holocausto de ternura...
E abres, piedosa, a solidão bravia
Para as águias e as nuvens, a colhe-las;
E invades, como um sonho, a imensa altura,
- Última a receber o adeus do dia,
Primeira a ter a bênção das estrelas!
outubro 02, 2013
A FLOR DO CÁRCERE
A FLOR DO CÁRCERE
(Olavo Bilac)
Nascera ali - no limo viridente
Dos muros da prisão - como uma esmola
Da natureza a um coração que estiola -
Aquela flor imaculada e olente...
E 'ele' que fora um bruto, e vil descrente,
Quanta vez, numa prece, ungido, cola
O lábio seco, na úmida corola
Daquela flor alvíssima e silente!...
E - ele - que sofre e para a dor existe -
Quantas vezes no peito o pranto estanca!...
Quantas vezes na veia a febre acalma,
Fitando aquela flor tão pura e triste!...
- Aquela estrela perfumada e branca,
Que cintila na noite de sua alma...
setembro 30, 2013
PRIMAVERA
PRIMAVERA
(Olavo Bilac)
Primavera Ah! quem nos dera que isto, como outrora,
Inda nos comovesse! Ah! quem nos dera
Que inda juntos pudéssemos agora
Ver o desabrochar da primavera!
Saíamos com os pássaros e a aurora.
E, no chão, sobre os troncos cheios de hera,
Sentavas-te sorrindo, de hora em hora:
"Beijemo-nos! amemo-nos! espera!"
E esse corpo de rosa recendia,
E aos meus beijos de fogo palpitava,
Alquebrado de amor e de cansaço.
A alma da terra gorjeava e ria...
Nascia a primavera... E eu te levava,
Primavera de carne, pelo braço!
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