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outubro 02, 2013

SOMBRA


SOMBRA
(Bernardo de Passos)

Nestes ermos, ouvindo a voz das fontes,
de humildes alegrias fui pastor;
meus rebanhos guardava com amor,
contemplando os longínquos horizontes…

Árvores maternais, que ergueis as frontes
verde-tristes, num gesto criador,
junto a vós semeei sonhos em flor,
que vestiram de rosas estes montes…

Mas tudo – riso e sonhos – me levaram…
Perdi meu gado, meus jardins secaram,
já neles não há rosas nem alfombras!

Doura a tarde estes ermos de abandono…
E eu passo – folha morta dum Outono,
sombra vaga a errar por entre sombras!