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junho 13, 2015

SONHO ANDARILHO


SONHO ANDARILHO
(Afonso Estebanez)

O sonho é o andarilho da memória
e minha alma é apenas sua estrada
onde o amor recomeça a trajetória
por atalhos de acesso sem entrada.

Nem sempre há personagem numa história.
Nem sempre uma lembrança é relembrada.
Mas quase nunca o pesadelo é uma aurora
para alguns sonhos dissipados na alvorada.

Ai de mim, tua rota de lembrança...
Ai de ti, meu roteiro de esperança
remida pelo olhar dos passarinhos...

Contorno os rios tortos e consulto o mapa
para chegar, inda que morto, àquela etapa
onde morrer seja melhor em teus carinhos...

outubro 05, 2013

SOMBRAS

SOMBRAS
(Afonso Estebanez)

Parece o teu retorno a não sei onde
parece que refaço e não sei quando
pareço perguntar nem me responde
o celerado amor que vou sonhando...

Parece que nem tudo corresponde
ao teu eco de amor me retornando...
Parece que o silêncio não esconde
esse grito de amor te relembrando...

Pereço uma estação no fim da linha
pareço uma canção que me perdeu
pelos céus de verão sem andorinha...

Parece que o passado se esqueceu
de que outro dia ainda fostes minha
e não se lembra mais de que fui teu...

LEMBRANÇAS DO LUGAR

LEMBRANÇAS DO LUGAR
(Afonso Estebanez)

Querida, vê no pranto que extravasa
o coração quando a lembrança aflora...
Os gerânios... As rosas... Como atrasa
o tempo entre o crepúsculo e a aurora!

Há sonhos que ainda vagam pela casa
em meu rústico albergue da memória...
E ainda um lírio que a min’alma vaza
de saudade do amor que ainda chora...

Nos beirais da varanda as andorinhas
bailam, querida, e as ninfas seminuas
das ribeiras em flor bailam sozinhas...

Beirando a vida nos beirais das ruas,
tu vives de sentir saudades minhas
e eu morro de sentir saudades tuas...

OLHA, NADIA!

OLHA, NADIA!
(Afonso Estebanez)

Olha, Nadia! Mas olha como quem estuda
o litúrgico ofício de uma sombra caminhar
depressa como um pensamento de Neruda
no outono dos vinhedos para além do mar...

Mas olha como quem orando presta ajuda
à essas sombras que rastejam sem passar...
Cala a noite, e a sombra que parece muda
segue cantando enquanto a luz vai rastejar...

Não olha para trás! A luz segue assustada
e a nossa sombra vai à frente descansada...
Ô, Nádia! O que antes era luz vai apagar!

A sombra como a morte é essa luz tardia
que se arrastando segue entre noite e dia
de alma e corpo no pó aonde vai chegar!