OLHA, NADIA!
(Afonso Estebanez)
Olha, Nadia! Mas olha como quem estuda
o litúrgico ofício de uma sombra caminhar
depressa como um pensamento de Neruda
no outono dos vinhedos para além do mar...
Mas olha como quem orando presta ajuda
à essas sombras que rastejam sem passar...
Cala a noite, e a sombra que parece muda
segue cantando enquanto a luz vai rastejar...
Não olha para trás! A luz segue assustada
e a nossa sombra vai à frente descansada...
Ô, Nádia! O que antes era luz vai apagar!
A sombra como a morte é essa luz tardia
que se arrastando segue entre noite e dia
de alma e corpo no pó aonde vai chegar!
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