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maio 20, 2021

VIDRAÇA


VIDRAÇA 

Foi sem querer que abriste uma janela, 
depois fechaste para o sol de outubro. 
Quero saber, então, se diante dela, 
tu me descobres como eu te descubro. 

A gratuidade é quase cega e apela
à contundência do calor mais rubro 
para fingir o que a razão revela 
quando te cobres e eu também me cubro.
 
Os dois não somos o que desde sempre 
o sol tentou mostrar pela vidraça 
que, a contragosto, diz à luz que entre. 

A claridade, assim, não ultrapassa 
um melancólico e sombrio alpendre 
onde chorar enquanto a vida passa. 

(Rogério Camargo)
Do livro: CAPIM MODESTO


Agradeço sua visita. 
Volte sempre e comente!



maio 07, 2021

Se eu te fosse falar...





Se eu te fosse falar...
 (Rogério Camargo)

Se eu te fosse falar da minha vida 
 não falava metade do que posso. 
 No jogo entre a chegada e a partida, 
 sobra sempre o que é meu e não é nosso.

 Sangrando o coração de uma ferida 
 que meus orgulhos erguem do destroço, 
 eu vou e sei que vou e minha ida 
 não é uma amargura que eu adoço.

 Coloco os pés no chão e eles me doem 
 porque devem doer e são leais 
 à lei que os faz e fez e continua.

 Coloco a mão nas nuvens e elas moem 
 com a delicadeza das vestais 
 qualquer riqueza em mim que seja tua. 


Agradeço sua visita. 
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junho 14, 2015

DESMERECIDA


DESMERECIDA
(Rogério Camargo)

Era uma flor tão simples, coitadinha,
que até nem merecia, lá pensava,
com seus botões, enquanto abotoava
a timidez com que de longe vinha,

nem merecia o olhar de quem notava
presença dela longe da rainha,
da rosa esplendorosa que reinava
feito o jardim nada além dela tinha.

Era uma flor que se acanhava inteira
e se do sol não toda se escondia
era porque morrer não gostaria.

Passei por ela e, não por brincadeira,
sorri-lhe o que melhor sorrir consigo,
que é quando o lá de fora está comigo.