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setembro 29, 2013

GLOSA


GLOSA
(Fernando Pinto do Amaral)

Se coubesse nos versos de um poema
um pouco deste mal quase inumano
e então se comovesse o oceano
das ruas da cidade que me algema

ao nada; se uma lágrima suprema
escorresse das palavras com que engano
cada espírito alheio e quotidiano,
nem assim escaparia ao meu dilema:

falar ou não falar, dizer ou não
alguma coisa deste amor, sabendo
que o choro de uma frase é sempre vão

e que entre um verso e as lágrimas correndo
fica presa no peito uma intenção
que nem sequer eu próprio compreendo.