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outubro 01, 2013

OUTONO


OUTONO
(Aníbal Beça)

Carrego nos meus ombros um outono
antigo e conhecido dos meus ossos.
A cada dia os ramos, sem esforço,
vão-se arqueando dormentes para o sono.

Essa estação dobrável no meu dorso
nem sempre cultivou flor de abandono,
tristeza de camélias no meu trono.
Houve tempo de adubos e de corso.

Eu era rei, o sábio, e me sabia
desperto em primavera e de atalaia
pronto para o desfecho na porfia.

Depois me descobri uma cobaia
das pétalas mais dóceis na folia;
restou-me a rosa murcha de tocaia.

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